Há exatos quatro anos me mudei para Amsterdam e, para comemorar, resolvi criar este post com fotos aleatórias dos últimos dois filmes que revelei. As primeiras fotos são de um Kodacolor VR Plus 400, vencido em 2010. As outras são de um Fuji Pro 400H que ganhei de presente de aniversário em 2020. Impossível citar esse ano sem lembrar que ele trouxe a pandemia, que acabou comendo dois dos quatro anos que moro aqui. Portanto, na prática, tenho a sensação que moro aqui há menos tempo. Parece que estou em eterno processo de adaptação.
Sinceramente, acho que esse processo de adaptação nunca vai se concluir. Me sinto mais estrangeira aqui do que me sentia na Ucrânia. Talvez tenha a ver com o fato do período de lua-de-mel de quem mora no exterior ter acabado justamente quando me mudei pra cá. Pode ser também por eu não falar holandês e nem sequer tenho a intenção de aprender nessa altura do campeonato. Melhor continuar com as aulas de russo mesmo, já que os holandeses passam a falar inglês caso você não fale um holandês perfeito. Quanto ao meu inglês, acho que piorou depois que mudei pra cá, já que não tive tempo e oportunidade de fazer amizades não brasileiras antes da pandemia começar.
Meu relacionamento com a bike não desenvolveu e acho que isso faz com que eu me sinta menos integrada também. Porém, não vou deixar o conforto de me deslocar em um tram ou ônibus quentinho, onde posso escutar música ou um podcast, para ficar me estressando em um meio de transporte que não domino bem e que abre a possibilidade para eu me estabacar a qualquer momento. Além disso, andar a pé me proporciona explorar cantinhos fotogênicos e observar com calma a vida acontecendo. Prefiro flanar a pedalar.
As fotos acima foram todas feitas com o Kodacolor VR Plus 400 no outono do ano passado. Não gostei nada desse filme porque só as fotos onde há muita luz ficaram boas. Levei esse filme pro Brasil e foram justamente as fotos que fiz lá que ficaram ruins. Pode ser que o fato dele ser vencido há mais de 10 anos tenha influenciado, então não vou perder meu tempo fotografando os outros dois rolos que estão na geladeira. Deixarei para o respectivo, já que foi ele quem escolheu comprar esses filmes.
Comecei a fotografar o Fuji Pro 400H no Brasil e terminei quando voltei pra casa, num belo dia de névoa do fim de novembro. Esse filme não era vencido, mas ele foi descontinuado, então não vou fotografar com ele novamente. Apesar dele ser um filme queridinho na comunidade analógica, achei os tons muito frios para o meu gosto. Além disso, ele também não fica tão legal em situações de pouca luz. Nas fotos que fiz no Brasil deu para ver bem essa diferença (post em breve).
Graças a este projeto analógico, passei a me conectar mais com a cidade mesmo durante a pandemia. Caminhar pelas ruas e parques era a única opção durante os lockdowns, mas ano passado veio a reabertura e voltamos a ter vida social. Pude ir a shows, restaurantes e cafés novamente e viajar para o Brasil depois de 4 anos. Sobrevivemos e isso é o que importa. Continuarei testando filmes este ano e estou inscrita num curso que começa em maio. Quem sabe agora eu consiga me sentir mais parte dessa cidade. Que venha mais um ano!
5 Comments
adorei as fotos, especialmente as vacas que não tive como não lembrar da Lulubelle, fotografada pelo Storm Thorgerson para o Atom Heart Mother, do Pink Floyd! que lindonas! acho incrível a imprevisibilidade dos filmes vencidos. não entendo nada, mas um dia gostaria de experimentar essa arte tão bonita que é a sua.
Também lembrei muito da capa do Pink Floyd quando vi essas vaquinhas, Helen! Vou deixando meus experimentos com os filmes aqui porque é uma forma de me organizar e também pode ser útil para quem quiser se aventurar nesse universo da fotografia analógica. 🙂
As vaquinhas. <3
Eu também tenho esse problema com a bike. Além do pavor de pedalar no meio do trânsito (mesmo com as ciclovias em algum momento você precisa dividir pista com os carros) ela acaba virando trambolho onde você não pode pedalar, onde é preciso subir escadas e onde não tem onde deixar pra fazer fotos. Prefiro transporte público, e aqui em Londres às vezes é melhor do que carro por motivos de estacionamento. E espero que você se sinta mais integrada à cidade esse ano, mas que isso não seja fator determinante que te impeça de curtir, explorar e fotografar o mundo à sua volta.
Aqui também você tem que dividir pista com carros e trams em alguns momentos porque tem sempre um carro parado na ciclovia o uma obra no meio do caminho. Sinônimo de stress pra mim, então evito a fadiga. Com certeza a integração não é fator determinante para eu curtir e explorar à minha volta. Acho que é mais uma questão de expectativa versus realidade, sabe? Mas enfim, só estou aqui de passagem mesmo. 🙂
[…] em 2010. E as fotos abaixo foram feitas com um Fuji PRO 400H, o filme descontinuado da Fuji. Clique aqui caso queira ver mais fotos desses mesmos […]