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Existencialismo

Cotidiano, Cultura

A insustentável leveza do ser

July 16, 2020

Há dois anos, reli um dos meus livros preferidos da vida: “A insustentável leveza do ser” do escritor tcheco Milan Kundera. Fiz a primeira leitura em 2005 e assisti a adaptação do livro para o cinema um pouco depois. Gostei bastante da história, mas nessa segunda leitura, fez muito, mas MUITO mais sentido pra mim.

Na primeira leitura, eu nem sabia que o autor era tcheco e não tinha nenhuma informação sobre a primavera de Praga. Já na segunda leitura, além de ter essas informações, eu estava morando no leste europeu e já estava bem mais madura, com muito mais vivências, então a história ganhou outros significados, com muito mais camadas e me trouxe muitas reflexões sobre a vida e todos os seus contrastes.

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Cotidiano, Viagens

Reconectar-se

April 3, 2020

O bom de se mudar é que você tem que reorganizar todas as suas coisas. Em março, fez um ano que a nossa mudança chegou e eu passei esse último ano arrumando a casa inteira. Desempacotei todas as caixas, limpei, lavei, organizei, doei e joguei fora um bocado de coisas. No meio dessas reorganizações, encontrei uma pen drive com fotos analógicas de 2013 e 2014 que eu não salvei no Lightroom.

Não sei que filme é esse, só sei que a câmera usada foi a Ricoh 35ZF. Tem fotos de uma viagem pra São Paulo, em março de 2013 e as primeiras fotos de Kiev que marido fez logo que ele chegou, em agosto de 2014. Foi o primeiro filme revelado em Kiev e um dos primeiros posts do blog tem foto desse filme.

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Cotidiano, Cultura

Uma obsessão chamada “DARK”

July 12, 2019

Alguém aí assistiu a série alemã “Dark”? Quando saiu a primeira temporada, ouvi dizer que ela era parecida com “Stranger Things” e acabei não dando atenção porque não queria investir tempo assistindo mais do mesmo. Porém, o canal Alemanizando fez um vídeo mostrando algumas locações da série e disseram que “Dark” tinha relação com Tchernóbil/Chernobyl, aí eu me senti na obrigação de dar uma conferida e COMASSIM NINGUÉM ME FALOU DESSA SÉRIE!?!?

“Dark” é uma série incrível! Tem roteiro, fotografia, edição, trilha sonora, escolha de elenco impecáveis e é repleta de referências. É uma série para assistir prestando MUITA atenção porque se você piscar, perde algum detalhe. E o diabo, ele mora nos detalhes neh? Tem referência que captei, tem referência que não captei e fui atrás por motivos de obsessão, conforme já anunciado no título desse post. E porque eu AMO uma referência.

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Cotidiano

Melhor queimar que desaparecer

November 7, 2018

Esse post era pra ter entrado no dia das bruxas, porém não consegui editar essas fotos a tempo. Bom, estamos atravessando tempos sombrios, às vezes dou uma choradinha, mas minha mãe me ensinou foi cedo a engolir o choro. A dor e a raiva são ótimos combustíveis para a criação e eu já estava com a ideia desse ensaio na minha cabeça há tempos, mas resolvi colocá-la em prática no dia do segundo turno da eleição. Votei e voltei pra casa pra fazer essas fotos. A arte sempre me salva e eu sou trabalhada nas trevas desde criancinha. Já tem um tempo que estou meio enjoada dessas fotos clarinhas que venho fazendo, então todo esse contexto foi um ótimo pretexto para colocar essas ideias em prática.

No final de 2009, o CCBB de Brasília organizou uma exposição maravilhosa sobre Clarice Lispector e o folder da exposição tem essa foto dela na capa. Nessa mesma exposição tinha um vídeo da última entrevista que ela gravou em 1977, alguns meses antes de morrer. Hoje você pode assistir essa entrevista incrível  no YouTube. Assisti novamente recentemente e me identifiquei com a fala dela em vários momentos. Além de trazer informações, o folder é um caderninho de anotações. Um dia eu estava arrumando umas coisas em casa e encontrei esse folder com anotações de “A paixão segundo GH” que um amigo me deu de presente de aniversário em 2010.

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Cotidiano

Registros Analógicos

September 12, 2018

Fotografar com filme é uma experiência completamente diferente de fotografar com câmera digital e há algum tempo a saudade dessa experiência bateu em mim e eu resolvi colocar um filme na câmera e ver no que ia dar. Meu amor pela fotografia está muito ligado à fotografia analógica porque ele nasceu quando eu comecei a fotografar com a Olympus Trip 35 em 2007 (contei melhor nesse post aqui). Eu não fotografava com câmera analógica há MUITO tempo e não sabia se ainda lembrava como era mexer em tudo. Resolvi pegar uma câmera sem fotômetro só pra ser mais emocionante mesmo e claro que várias fotos saíram superexpostas.

A câmera usada foi uma Ricoh 35 ZF que tem um funcionamento similar ao da Olympus Trip 35, especialmente em relação ao foco que você meio que tem que adivinhar a distância do que você quer que esteja no foco. Esse é outro ponto que eu errei bastante e perdi algumas fotos. Mas faz parte de toda a experimentação e o fato de não ter um foco cravadão, é algo que me atrai bastante nessas câmeras porque contribui muito pra essa estética meio de sonho que eu procuro na hora de criar imagens.

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Cotidiano

O ano sabático

May 11, 2018

Comentei nesse post que tenho pensado muito sobre o tempo. Quando me mudei pra Ucrânia, vim muito feliz porque finalmente teria tempo. Enquanto morava no Brasil, eu sentia que estava sempre correndo contra ele, trabalhando e estudando pra concursos. Nunca sobrava tempo para fazer coisas que realmente gosto e fazem sentido pra mim. Eu não sentia que estava vivendo, só me sentia viva quando estava de férias. A fotografia, que era minha válvula de escape, estava abandonada. Comecei a ler um livro em 2012 e só consegui terminar de ler aqui, em 2015! Sei que sou uma pessoa lenta e o estilo de vida corrido não combina comigo, definitivamente. Eu vivia cansada e me sentia muito errada porque estava tentando acompanhar um ritmo que não era o meu. Eu precisava de uma pausa, do tal “ano sabático”. Só aqui tive tempo para me autoanalisar e percebi que estava me desrespeitando, tentando ser alguém que eu não sou para atender as expectativas dos outros e isso estava me fazendo mal.

Muita gente me perguntava “mas o que você vai fazer?” e cada hora eu respondia uma coisa. Muitas pessoas consideram que alguém só está fazendo alguma coisa se estiver num trabalho convencional. E não, esse tipo de atividade não é uma possibilidade pra mim na Ucrânia, muito menos uma vontade. Pra quê essa pressão de ter que estar fazendo um trabalho convencional? Eu super feliz que a vida me deu essa oportunidade de não precisar trabalhar e o povo querendo que eu trabalhe! Eu sou do time do Jaiminho (do Chaves), evitando a fadiga sempre.

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Cotidiano

Três anos de blog (O Tempo Voa)

March 13, 2018

Em outubro do ano passado, esse amado blog completou 3 anos de existência. Algumas coisas levam tempo para fazer sentido e só agora me caiu a ficha do quanto foi importante criá-lo. A princípio, era só um lugar para registrar minhas experiências e aprendizados como expatriada, mas acabou se tornando um projeto. Evoluí bastante fotograficamente nesses últimos 3 anos, além de ter evoluído como pessoa também. Não costumo divulgar o blog e a maioria das pessoas que conheço na vida fora da internet não costumam acompanhar o conteúdo que crio para ele. Foi uma grande surpresa ver que pessoas que não conheço pessoalmente se interessam pelo que posto e isso me intriga.

A internet é esse lugar onde acontecem muitas coisas ruins e muitas coisas boas também e tudo isso vem transformando nossas vidas, não é muito doido? Gosto muito de psicologia e fico sempre tentando entender a razão dos comportamentos humanos. Pelo feedback que recebo aqui, percebi que a maioria das pessoas que acompanham o blog são do sexo feminino. Não costumo escrever sobre temas considerados femininos e fico me perguntando o que exatamente atraiu vocês? Foi a vida de expatriada? Foi a Ucrânia? Foram as fotos? É o jeito que eu escrevo? Não sei a resposta.

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Cotidiano, Cultura, Kiev

Only happy when it rains

November 21, 2017

Alguém na área? Antes que eu complete 3 meses sem dar notícia por aqui, resolvi dar uma limpada nas teias de aranha deste blog. A boa notícia é que ando fotografando bastante e por isso o blog acabou ficando de lado. Teve uma viagem para terras longínquas também nesse tempo de sumiço. Ando participando de uns passeios guiados por Kiev também, mas ainda não deu pra sentar e escrever sobre o que tenho aprendido. Quem tem blog sabe que dá trabalho para escrever um post, não é simplesmente jogar um monte de palavras ou copiar e colar um texto qualquer da internet. Pelo menos esse não é o jeito que eu faço. Todo o conteúdo que posto aqui saiu da minha cabecinha e é fruto de muita pesquisa e muitas revisões de texto. Fora as fotos, também feitas e editadas por mim. Ou seja, cada post leva umas boas horas para serem produzidos e eu não recebo nenhuma compensação financeira para isso.

A foto acima foi feita durante um dos passeios guiados que participei recentemente. Essa escultura se chama Rain Man e fica na Peizazhna Alley. Ela foi feita pelo artista ucraniano Nazar Bilyk e representa perfeitamente como anda o tempo por aqui. O outono esse ano tem sido chuvoso como o do ano passado, mas estou feliz que a neve ainda não deu o ar da graça.  De acordo com o artista, a gota de chuva é o símbolo de um diálogo que conecta o homem a toda a diversidade das formas de vida. A obra é dedicada ao diálogo interno de um homem consigo próprio. Ela expressa o questionamento de um indivíduo em busca de sentidos, perguntas sem resposta de um vida inteira. Bonito né? Eu já tinha passado por essa estátua antes, mas nunca tinha fotografado e foi bom porque agora ela faz ainda mais sentido pra mim. Existencialismos à parte, vou tentar pelo menos terminar de escrever os posts que estão no rascunho durante o inverno que está quase chegando por aqui.