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União Soviética

Cultura

Ator ucraniano em “Stranger Things”

July 16, 2019

Terminei de asssitir a terceira temporada de “Stranger Things” e adorei me entreter e treinar o russo ao mesmo tempo. Estou estudando desde dezembro com a mesma professora com quem eu tinha aulas de ucraniano e fiquei bem feliz por entender um bocado de frases ditas em russo na série. Deu até para analisar as pronúncias e cheguei a comentar isso com ela.

O ator que interpreta o cientista Alexei é disparado o que fala mais perfeito, então fui pesquisar para ver se ele era falante nativo da língua. Descobri que não só a língua materna dele é russo, como também ele nasceu na Ucrânia e em Kiev! Ele se chama Oleg Vladimirovych Utgof e nasceu em 1986. Em 1997, mudou-se para Londres e usa o nome artístico Alec Utgoff. A letra “o” em russo é pronunciada como “a”, então faz sentido ele ter adotado Alec, pois é um nome mais próximo da pronúncia correta do nome dele.

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Cultura

“Chernobyl” – Minissérie da HBO

June 17, 2019

Finalmente, assisti a comentadíssima minissérie da HBO sobre o maior acidente nuclear da história. Lógico que não podia faltar um post sobre essa minissérie depois de passar mais de 4 anos registrando minha experiência morando no país onde tudo aconteceu. Fiz a foto acima em agosto de 2015, quando visitei a zona de exclusão. O novo sarcófago só ficou pronto em 2016, então ainda vi o reator 4 com a cobertura que foi construída em 1986 e você pode conferir as fotos e ler o relato dessa experiência clicando aqui.

Além de assistir a minissérie, ouvi também alguns podcasts da HBO com o criador/roteirista/produtor Craig Mazin, onde ele explica vários detalhes da produção e de todo o trabalho de pesquisa feito antes da série ser exibida. Ele começou a escrever o roteiro em 2015 e se inspirou bastante no livro “Vozes de Tchernóbil”, escrito pela jornalista Svetlana Aleksiévitch. Ela recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 2015 e foi ao Brasil como uma das convidadas da FLIP de 2016. Logo após ler o livro dela, escrevi um post com várias informações que não estavam na edição lançada pela editora Companhia das Letras e um vídeo de uma entrevista com a autora. Clique aqui caso queira ler o post.

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Cotidiano, Cultura

Como era ouvir música na União Soviética?

February 6, 2019

Estava eu passeando casualmente pelo Kurazh Bazar no ano passado e resolvi parar para dar uma olhada nos LPs. Me deparei com vários discos de bandas famosas, mas tudo escrito em cirílico e achei as artes das capas muito engraçadas. Claro que levei pra casa uma edição do “Led Zeppelin IV” com uma capa muito peculiar. Quanto mais eu olhava para aquela capa e todos os seus detalhes, mais intrigada ficava. Lógico que dei uma fuçada nas interwebs pra ver se encontrava alguma informação e descobri várias coisas que serão devidamente compartilhadas nesse post.

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Cultura

Procurando Lênin

January 24, 2019

Você não leu errado. Não é “Procurando Nemo”, é “Procurando Lênin” mesmo. Esse é o título do livro do fotojornalista suíço Niels Ackermann em parceria com o jornalista francês Sebastian Gobert. Em 2017, tomei conhecimento desse projeto fotográfico por conta de um artigo da Vice e fiquei doida para comprar esse livro. Até tentei me infiltrar num evento da comunidade francesa onde o Niels Ackermann estaria palestrando sobre o projeto aqui em Kiev, mas acabei desistindo.

Imaginem a minha surpresa quando descobri que esta exposição estaria em Moscou no mesmo período em que eu estaria lá? Era a minha grande chance não só de ter o livro, mas de ver as fotos impressas em tamanho grande. Quem acompanha o blog, já sabe que eu procuro sempre incluir alguma exposição fotográfica nas minhas viagens e lógico que essa teve prioridade no meu roteiro. Achei super ironia do destino conseguir ver essa exposição justamente na Rússia. Contei aqui que não consegui ver o corpo do Lênin no mausoléu, mas consegui ver essa exposição mara e trazer o livrinho comigo. No fim das contas, saí no lucro.

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Cultura

Uma parceria muito simbólica

November 20, 2018

Há algum tempo descobri que o ucraniano Eugene Hütz e sua banda Gogol Bordello gravaram uma música linda com a cantora russa Regina Spektor. Levando em consideração que a Rússia e a Ucrânia encontram-se em conflito desde 2014 e que os dois artistas foram obrigados a sair de seus respectivos países por conta de perseguição gerada por um governo autoritário, achei que isso daria um excelente post.

O nome da música é “Seekers and Finders” e a letra é uma incrível reflexão sobre a vida e a procura por um propósito cheia de metáforas que #entendedoresentenderão. Já havia me sentido tocada pela música e tudo passou a fazer mais sentido quando me aprofundei na pesquisa sobre os artistas e entendi todo o simbolismo que fundamenta essa parceria. Para assistir ao videoclipe da música é só clicar na imagem abaixo.

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Cultura, Viagens

Uma semana em Moscou – Museus

October 5, 2018

Comentei nesse post que Moscou não deixa nada a desejar quando se trata de museus e eu fiz questão de dar uma atenção especial para esse tema na hora de preparar meu roteiro. Sou rata de museus porque acredito que se aprende pra caramba numa simples visita. Esses são os posts que mais me dão trabalho de preparar e eu adoro escrever, mas são os que menos são lidos também. Esse é especialmente importante por conter informações muito relevantes para quem vai apertar o botãozinho da urna no próximo domingo porque aqui eu mostro o que a Rede Globo não mostra.

Como já tinha dito nesse post, o passado soviético é motivo de orgulho na Rússia e a conquista espacial é um dos destaques desses velhos tempos, então eu e marido fomos logo no primeiro dia visitar o Museu da Cosmonáutica. O museu é enorme (como tudo em Moscou), interessante, porém achei que deixa a desejar quanto às informações em inglês. Ele fica mais afastado do centro, mas vale a visita para quem se interessa pelo tema.

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Cotidiano, Cultura, Kiev

Visita ao ВДНГ (VDNKH)

April 3, 2018

Se você leu esse título e pensou “vêdêoquê?”, calma que eu te explico. O ВДНГ (é uma sigla e a pronúncia é algo como “VDNRRÁ”) é um centro de exposições inaugurado no dia 6 de julho de 1958 com a finalidade de exibir tudo o que era produzido nas áreas de agricultura, indústria, construção, ciência, transporte e cultura da República Socialista Soviética da Ucrânia. Localizado no parque Holosiiv, o centro de exposições ocupa uma área total de 286.3 hectares e possui 180 pavilhões, dos quais 20 possuem status de monumentos históricos e culturais da Ucrânia.

A arquitetura dos pavilhões é um grande exemplo do monumentalismo soviético, com suas colunas clássicas e grandes afrescos com representações de camponeses e trabalhadores. Os melhores artistas soviéticos estiveram envolvidos na criação desse enorme complexo. Ou seja, é um local super relevante para a história recente da Ucrânia e eu fiquei bem empolgada quando surgiu a oportunidade de visitá-lo em uma passeio guiado em novembro do ano passado.

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Cultura

Vozes de Tchernóbil – Svetlana Aleksiévitch

February 21, 2017

Mês passado, li o aclamado livro da jornalista Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2015. Ela nasceu na Ucrânia em 1948, mas viveu boa parte da sua vida na Belarús (ou Bielorrússia). O livro traz depoimentos de pessoas que tiveram suas vidas completamente transformadas pelo acidente nuclear ocorrido em abril de 1986. Em 2016, a editora Companhia das Letras o publicou pela primeira vez no Brasil e eu tenho algumas críticas a fazer a essa edição. Me pareceu que a editora quis pegar carona no hype do Nobel e publicou o livro sem atualizações, o que induz a um raciocínio equivocado por parte dos leitores. A primeira publicação de Vozes de Tchernóbil é de 1997, ou seja, a edição brasileira foi publicada quase 20 anos depois e, de todas as resenhas que assisti no You Tube, nenhuma mencionou isso. Convenhamos que em 20 anos muitas coisas aconteceram, não é mesmo?

Provavelmente, muitas pessoas que foram entrevistadas pela autora nem estão mais vivas. A nota histórica que abre o livro está tão desatualizada que se torna completamente desnecessária. O projeto do abrigo para cobrir o reator número 4 citado nessa nota ficou pronto em novembro do ano passado (o vídeo abaixo é um documentário da BBC sobre a construção do abrigo) e não há nenhuma menção sobre isso. Daí em muitas resenhas que assisti as pessoas falam como se o reator estivesse lá abandonado com a mesma cobertura construída às pressas em 1986. A editora simplesmente traduziu o livro do jeitinho que ele foi publicado em 1997 e acrescentou somente o discurso que a autora fez na cerimônia do Prêmio Nobel, em dezembro de 2015. Acho que um livro de não-ficção merece um trabalho mais cuidadoso no que diz respeito a notas mais esclarecedoras e atualizadas.

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Cultura

Dois livros: Os Russos e Um diário russo

February 13, 2017

Vamos tirar a poeira desse blog? Vaaaamos! Bom, continuo a minha jornada de leituras relacionadas à Ucrânia e de imersão na cultura eslava. No final do ano passado, li o livro do autor Angelo Segrillo sobre os russos. A Editora Contexto tem uma coleção dedicada a vários povos e, como não há um livro específico sobre os ucranianos, li esse sobre os russos que inevitavelmente fala um pouco sobre a Ucrânia, já que toda a história começou aqui em Kiev. Angelo Segrillo é professor de História Contemporânea na USP e especialista em Rússia e URSS. Ele morou e estudou na Rússia e escreveu diversos livros sobre o país. Esse livro é bem legal para o leitor ter uma ideia geral sobre a cultura, a história, a geografia e os costumes russos, alguns deles compartilhados pelos ucranianos.

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Cultura, Kiev

Visita ao Holodomor Museum

November 28, 2016

Na última quarta-feira, visitei o memorial às vítimas do Holodomor, o genocídio de ucranianos provocado por Stalin entre 1932 e 1933. Голодомор (holodomor) foi uma fome provocada que exterminou entre 7 a 10 milhões de ucranianos, não se sabe o número exato por conta da ausência de registros. Голод significa fome, a causa da morte desses milhões de ucranianos que tiveram toda sua produção agrícola confiscada por uma política adotada por Stalin, que não queria que houvesse propriedade privada. Essa ideia de coletivização da União Soviética não era nada popular entre os camponeses ucranianos. Além disso, ele temia que o movimento de independência ucraniano ganhasse força e atrapalhasse seus planos. Os bolcheviques queriam que a Ucrânia fizesse parte da Rússia, mas a nação queria ser independente e durante o período soviético se tornou uma República Socialista Soviética.

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