Cultura

Yevgeny Khaldei – Fotógrafo Ucraniano

July 31, 2015

Yevgeny Khaldei foi um importante fotógrafo da União Soviética. Ele nasceu em Donetsk em 1917 e era judeu. Fotógrafo autodidata, fabricou sua primeira câmera com papelão e as lentes dos óculos de sua avó. Contratado pela agência de notícias soviética Tass, cobriu a Segunda Guerra Mundial desde a abertura da frente russa em 1941. Acompanhou o avanço do Exército Vermelho pelas regiões da Crimeia, dos Balcãs, da Hungria e da Romênia até chegar a Berlim, onde registrou o momento que um soldado içava a bandeira vermelha sobre as ruínas do Reichstag. Porém, essa cena não foi espontânea: Khaldei convenceu dois soldados a içar uma bandeira feita por seu tio com uma toalha de mesa. Ele se inspirou numa fotografia de Joe Rosenthal e sua intenção era glorificar as tropas soviéticas. A imagem rodou o mundo, mesmo retocada para eliminar alguns detalhes (relógios que denunciavam as pilhagens de corpos em Berlim) e incluir fumaça no horizonte para criar um efeito de batalha, quando na realidade Hitler já estava morto há 2 dias.

Yevgeny_Khaldei_Reichtag

A imagem acima também é famosa e também foi retocada. Khaldei acrescentou aviões pintados e também um tanque, com a intenção de dramatizar o feito e aproximá-lo da realidade presenciada.

Em 1948, Khaldei foi demitido da agência Tass devido ao crescente anti-semitismo que imperava na URSS – mesma razão pela qual viria a ser demitido do jornal moscovita Pravda em 1972. Nenhum de seus trabalhos durante o período soviético lhes deram muito dinheiro e nunca lhes deram os devidos créditos pelas fotos publicadas. Ele teve que esperar até o desmembramento da União Soviética, em 1991, para que sua obra fosse reconhecida internacionalmente. O fotógrafo ucraniano faleceu em outubro de 1997, em Moscou, aos 80 anos de idade. Para ver mais fotos de sua autoria, clique no vídeo abaixo.

Para finalizar esse post, deixo uma declaração de Yevgeny Khaldei para o The New York Times numa entrevista de 1995: “Eu sempre quis que as pessoas soubessem o que realmente aconteceu naquela época. Eu diria que várias vezes meu coração ficou destruído. Mas eu também testemunhei grandeza”.

Fontes: New York Times e  Coleção Folha Grandes Fotógrafos.

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  • Taís August 2, 2015 at 2:01 am

    Que post ótimo, Alê! Imagina o quão tenso não deve ser fotografar uma guerra? Fiquei bastante sensibilizada com as fotografias dele! Achei muito legal que você contou a história por tras das fotos e que foram manipuladas, quando vi a primeira foto pensei..’caramba, olha que momento que o cara conseguiu capturar’ hahaha

    • Alessandra Araújo August 2, 2015 at 10:52 am

      Ele era fotógrafo e soldado na guerra, Taís. Com certeza ele viu muita coisa tensa… E a manipulação de imagens é algo que pode ser usado de formas muito interessantes. E as fotos mais famosas dele são justamente as manipuladas, o que prova que ele fez um bom trabalho hehe.