Cotidiano

Como levar animais para o exterior – A Saga (Parte I)

October 11, 2014

PARTE I – A DOCUMENTAÇÃO

A maioria das pessoas me olhava com cara de espanto sempre que eu afirmava que levaria as gatas comigo para o exterior. Não entendo o motivo das pessoas acharem tão absurdo, afinal elas fazem parte da nossa família. Mas confesso que dá trabalho por conta de toda a burocracia envolvida.

O primeiro passo é colocar o microchip que precisa ter a certificação ISO 11784 ou 11785. Depois é necessário aplicar a vacina contra a raiva. Mesmo que seu animal já seja vacinado, só conta a dose feita após a microchipagem. Esse processo foi feito ainda em 2013, quando pensávamos em ir para o Japão, pois lá é exigido duas aplicações da vacina contra a raiva após a microchipagem.

Quando recebemos a confirmação de que viríamos para Kiev, levamos Lola e Amélie para fazer a sorologia. No Brasil só há um lugar com permissão para fazer esse exame, o CCZ de São Paulo. O sangue das gatas foi coletado no dia 26/06 em Brasília e enviado para São Paulo pela Casa do Gato, clínica veterinária onde levávamos as “meninas”.

Nesse meio tempo, conheci a Manu Matioli, ativista da causa animal e responsável pelo blog Green Pirates Group. Graças a um post compartilhado no Facebook por uma amiga em comum, começamos a manter contato. Manu estava planejando vir para Kiev por conta do conflito na Ucrânia, então eu a convidei para vir comigo e me ajudar com as gatas e ela ficaria hospedada em minha casa. Manu topou e eu costumo dizer que ela é um anjo que apareceu em nossas vidas porque eu não conseguiria vir pra cá sozinha trazendo Lola e Amélie (continue lendo e você entenderá o porquê).

Caso você esteja se perguntando “sozinha? e o seu marido?”, senta que lá vem história. De acordo com as exigências da União Européia, os animais só podem viajar após 90 dias contados da coleta do sangue para a sorologia. Além disso, o resultado da sorologia leva cerca de 2 meses para ficar pronto. Como o marido tinha um prazo máximo de 2 meses para se apresentar no trabalho, eu tive que ficar em Brasília descascando abacaxis.

Dentre os abacaxis, tinha a questão da passagem aérea. A passagem da Manu já havia sido reservada pela Air France, pois era a companhia aérea com menos conexões. O voo partiria de Brasília para Paris no dia 26/09 e, após 5 horas de conexão, seguiria rumo à Kiev. Mas a minha passagem ainda não havia sido comprada por conta de burocracias da Administração Pública brasileira… Resumindo, a passagem que me ofereceram tinha muitas conexões e eu não aceitei, já que não queria estressar ainda mais as gatas com tantas conexões. Acabou que compramos a passagem da Air France, igualzinha a da Manu.

No início de setembro, saiu o resultado da sorologia e faltava agendar o CZI – Certificado Zoossanitário Internacional. Esse é o documento que permite que seu animal viaje e deve ser apresentado no local de destino. Ele é emitido pelo Ministério da Agricultura e no site tem tudo bem explicadinho. Aproveito para elogiar o atendimento da Maria e da Nádia que trabalham na Vigiagro do Aeroporto Juscelino Kubitschek e foram super atenciosas comigo. Quando liguei lá, a Maria me explicou que a Ucrânia não seguia as mesmas exigências da União Européia e que já havia o modelo do CZI na língua ucraniana. Fiquei feliz por um lado, mas um pouco indignada por outro. Acabei fazendo o processo conforme as exigências da UE por total falta de informação no site da Embaixada da Ucrânia. O decreto que está disponível no site é mega incompleto e desatualizado. Enfim, dos males, o menor.

Bom, agendei o CZI para o dia 22/09, porém a Air France resolveu fazer greve a partir do dia 15/09 e eu comecei a pensar na possibilidade de não voar no dia 26/09, mas tinha esperanças da greve acabar até lá. No dia 22, fui na Casa do Gato pegar o atestado de saúde das “meninas” e segui para o aeroporto. Chegando lá, preenchi o requerimento, apresentei os atestados e os cartões de vacinação com o número do microchip, tudo conforme solicitado. Daí perguntei sobre a greve da Air France e a Nádia me informou que, caso o meu voo fosse remarcado e já tivesse passado o prazo de 10 dias do CZI, era só eu voltar lá que ela fazia a troca.

Continua na PARTE II.

 

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  • manoela October 21, 2014 at 8:07 am

    nao sei quem eh anjo de quem aqui….acho que mais voce meu do que eu seu, rsrsrs….mas definitivmente viajar com a Lola e a Amelie foi uma experiencia surreal, de panico, no fim engracada….e detalhe….so na Franca eh que as nossas’ bolcinhas de cobertor’ foram `descobertas’….aqui nem no interrogatorio no controle de passaportes, rsrs……Mas como ativista em prol da causa animal, so tenho que tirar meu chapeu a voces, pois este eh o maior motivo de abandono de animais….viagens, mudancas……se todos os tutores fossem como voce….ah que sonho seria….

  • Alessandra Araújo October 21, 2014 at 1:49 pm

    Pois é, sempre fico indignada quando alguém abandona um bichinho porque mudou de casa ou porque chegou um bebê na família. A partir do momento que você adota ou compra um animal, você é responsável por ele, é a referência dele e eles têm sentimentos assim como nós. É muita crueldade abandonar um bichinho por motivos tão banais.

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