Cotidiano

Como levar animais para o exterior – A Saga (Parte III)

October 11, 2014

PARTE III – REPLAY E AGORA VAI!

Durante a semana, fui resolvendo as burocracias e dormindo pouco porque a Amélie resolvia miar todas as madrugadas. Nesse período, o Feliway Spray foi meu melhor amigo, eu dava umas borrifadas no quarto e a cada dia ela miava menos tempo e eu conseguia dormir um pouco mais.

Liguei na Vigiagro na terça-feira para perguntar sobre a troca do CZI, se eu precisaria pegar outro atestado de saúde e tal. E sim, eu precisei pegar outro atestado de saúde na Casa do Gato, pois ele tem validade de 72 horas. Na quarta-feira pela manhã, peguei o atestado e segui para o aeroporto. Como não havia veterinário disponível na Vigiagro naquele dia, eu tive que buscar o CZI no dia seguinte à tarde, véspera da viagem. Vamos lá, com emoção é bem melhor!

Na quinta-feira, busquei o CZI às 13hs e depois fui para o MRE para legalizar. Chegando lá, a atendente me informou que o Setor de Legalizações só funciona até quinta-feira MEIO DIA. E que eu precisaria RECONHECER FIRMA da assinatura do veterinário. TAH DE BRINCATION WIT MI?! Aleguei que na semana anterior eu tinha feito o mesmo processo e ninguém havia informado nada sobre reconhecimento de firma, mas a moça foi taxativa e disse que precisava e pronto. Ainda foi boazinha e disse que eu poderia voltar na sexta pela manhã que ela legalizava o documento pra mim. Burocracia, eu te amo SÓ QUE NÃO.

Lá fui eu ligar para a Nádia da Vigiagro para perguntar em qual cartório o veterinário tinha firma reconhecida e, por sorte, um dos cartórios era perto da Esplanada dos Ministérios e ainda dava tempo de eu ir pra lá e foi o que eu fiz.

No dia da viagem, segui para o MRE e consegui a tal bendita legalização. Liguei para a Embaixada explicando a situação e o Sr. Anatole informou que eu poderia levar o documento para autenticar mediante pagamento de outra taxa de R$ 160,00. Ok, taxa paga, segui para a Embaixada e consegui o que eu queria. Novamente, não era por falta de burocracia que eu ia deixar de entrar na Ucrânia com as gatas.

A hora de ir para o aeroporto se aproximava e a minha maior preocupação era conseguir colocar as gatas nas caixas de transporte. Tomei banho, arrumei as malas e chegou a fatídica hora. Lola já percebeu a movimentação e começou a fugir de mim pelo quarto. Dessa vez, me protegi com uma camisa de manga comprida e peguei uma toalha para envolvê-la. Depois de uma meia hora de tentativas consegui desgrudá-la da sapateria e enfiá-la dentro da caixa de cabeça para baixo, com a gravidade ao meu favor. A Amélie foi tranquila como sempre, não levei nem 5 segundos.

Partiu aeroporto! Dessa vez era pra valer. As duas estavam bem comportadas dentro de suas respectivas caixas. Na hora do check in, uma boa notícia! Nos deram um upgrade para a Premium Economy e não cobraram a taxa das gatas. Eu e Manu estávamos felizes e sorridentes, doidas para embarcar e tomar um espumante, mas a cereja do bolo ainda estava por vir.

Antes de decolar: Lola e o tapete higiênico todo embolado...

Antes de decolar: Lola e o tapete higiênico todo embolado…

Quando o avião começou a taxear, Lola começou a se debater e urrar dentro da caixa que estava no chão. Peguei a caixa no colo e tentei acalmá-la enquanto Manu olhava com cara de pânico dizendo que ela estava RASGANDO A CAIXA COM OS DENTES! Catei o cobertor da Air France e embrulhei a caixa rapidamente, depois chamei o comissário e perguntei se podia ir para o banheiro com ela e ele deixou. Devo ter passado quase uma hora no banheiro tentanto acalmar a fera. Ela urrava e se debatia enquanto eu cantava, recitava mantra, acariciava a caixa e pensava positivo que tudo ia dar certo.

Quando voltei pro assento, o jantar já havia sido servido e a minha fome tinha desaparecido com todo aquele stress. Comi meio docinho enquanto Lola ainda reclamava exausta dentro da caixa. Até que ela desmaiou de cansaço. Passei as 10 horas de voo com a caixa no colo, sem me mexer direito porque qualquer movimento era motivo para ela reclamar.

Amélie ficou tranquila antes, durante e depois da viagem.

Amélie ficou tranquila antes, durante e depois da viagem.

 

Ao chegarmos em Paris, elas estavam tranquilas e as caixas devidamente envolvidas com os cobertores que foram sorrateiramente afanados da Air France. Uma cena linda de se ver: duas zumbis carregando umas trouxas de cobertor amarrado com cadarço de tênis. Glamour zero. Até então, eu não tinha visto o tamanho do buraco aberto na tela da caixa. Durante as 5 horas de conexão eu vi o tamanho do estrago e entendi a cara de pânico da Manu no avião.

De Paris para Kiev, elas se comportaram muito bem, mas eu não via a hora de chegar, abraçar meu marido e chegar em casa para libertá-las daquele tormento.

Quando chegamos, fiquei um pouco apreensiva em relação ao controle de passaporte e se iam encrencar por conta das gatas. Mas, para minha surpresa, não falaram absolutamente NADA nem pediram documento NENHUM das gatas. Levamos apenas 25 minutos para mostrar passaporte e pegar as malas. Salve a Ucrânia, Salve os heróis da falta de burocracia. O Brasil bem que podia aprender com esses caras…

E assim termina a saga de Lola e Amélie a caminho de Kiev. Deu tudo certo, consegui enfrentar todas as burocracias e chegamos todas vivas. Sei que há empresas que fazem todo o serviço burocrático, mas é perfeitamente possível resolver tudo por conta própria e sai bem mais em conta. Se eu consegui, qualquer um consegue. Não abandone seu bichinho! Dá trabalho, mas vale a pena!

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  • Paula A. October 15, 2014 at 4:17 pm

    Não tem sensação melhor do que chegar ao destino final, entrar em casa e abrir as caixinhas pra eles explorarem o ambiente novo. Dä um trabalho cretino, mas vale cada segundo de desespero e stress. <3

    • Alessandra Araújo October 15, 2014 at 8:05 pm

      Sim, com certeza! Você me entende neh Paula. Obrigada pela visita e pelo apoio!

      :-***

  • Fernanda Dourado October 15, 2014 at 6:01 pm

    Affff, desculpe, mas não sei se é pra rir ou pra chorar!!!
    Tem que levar a Lola pra terapia, ela é passive agressive, hahaha.
    Mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

    • Alessandra Araújo October 15, 2014 at 8:07 pm

      Fê, agora que já passou é pra rir! hahhahaha Agora Lolinha está relax e adorando todo o espaço da casa. 🙂

  • Jac October 18, 2014 at 10:52 pm

    Alê, meu deus! Quase perdi o fôlego com os três textos.
    Mas fico tão tão tão feliz que deu tudo certo no final. Eu faria o mesmo, com todas as dificuldades. Meus gatos são filhos e não tem como deixar pra trás.
    Parabéns 🙂 Que sejam felizes na Ucrânia.

  • Alessandra Araújo October 18, 2014 at 11:41 pm

    Pois é, Jackie, pelos filhos a gente faz de tudo. Obrigada e que assim seja! Beijão.

  • Soraya December 30, 2014 at 4:06 am

    Alessandra, estou tão ansiosa para levar meus bebês que acho que já comentei 500 vezes seus posts… E até criei uma conta no instagram…. Queria e quero tirar umas dúvidas com vc, pode ser?

  • Soraya December 30, 2014 at 7:41 pm

    Você nao demorou… Eu q ando ansiosa demais!!!

  • Como levar animais para o exterior – A Saga (Parte II) – Um Novo Destino May 24, 2018 at 1:29 pm

    […] Continua na PARTE III. […]