Cotidiano

Registros Analógicos

September 12, 2018

Fotografar com filme é uma experiência completamente diferente de fotografar com câmera digital e há algum tempo a saudade dessa experiência bateu em mim e eu resolvi colocar um filme na câmera e ver no que ia dar. Meu amor pela fotografia está muito ligado à fotografia analógica porque ele nasceu quando eu comecei a fotografar com a Olympus Trip 35 em 2007 (contei melhor nesse post aqui). Eu não fotografava com câmera analógica há MUITO tempo e não sabia se ainda lembrava como era mexer em tudo. Resolvi pegar uma câmera sem fotômetro só pra ser mais emocionante mesmo e claro que várias fotos saíram superexpostas.

A câmera usada foi uma Ricoh 35 ZF que tem um funcionamento similar ao da Olympus Trip 35, especialmente em relação ao foco que você meio que tem que adivinhar a distância do que você quer que esteja no foco. Esse é outro ponto que eu errei bastante e perdi algumas fotos. Mas faz parte de toda a experimentação e o fato de não ter um foco cravadão, é algo que me atrai bastante nessas câmeras porque contribui muito pra essa estética meio de sonho que eu procuro na hora de criar imagens.

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Fotografar com analógica é se confrontar com o tempo porque você se vê obrigado a fotografar mais devagar, a pensar antes de gastar seu filme fazendo uma foto qualquer. Demoro bastante para terminar um filme e esse eu comecei a usar no inverno de 2016 quando viajamos para Poznan e Varsóvia (fotos acima) Fiquei tão feliz quando vi que esse registro do encontro do outono com o inverno prestou!

O filme usado foi o Fujichrome Provia 100 e eu adorei as cores dele. Dei uma editada só no contraste porque achei fraco, mas não sei se é do filme ou do perfil usado para escanear. Tenho scanner em casa, mas dá tanto trabalho que prefiro levar para escanear na loja. Custou só 120 grívnias (cerca de R$17,50) para escanear 2 filmes e o link com as fotos é enviado em apenas um dia. A revelação também é super barata e aqui tem laboratório que ainda revela no processo E-6 (raridade no Brasil). A foto abaixo foi feita na primavera de 2017, no dia que encontrei o Casal Partiu enquanto eles passavam uma temporada na Ucrânia.

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As fotos acima foram feitas no Jardim Botânico Nacional no verão de 2017 e eu até escrevi sobre esse dia nesse post. Foi um dia que eu queria fotografar a estufa desse jardim, mas ela estava em manutenção. A foto onde eu apareço foi feita pelo marido e nessa das bandeirolas budistas eu estava testando a abertura.

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As fotos acima são do inverno desse ano: uma da janela de casa (que eu tive que editar muito porque o vidro da janela deixou a imagem roxa) e a outra eu fiz quando voltava da academia porque estava sol e eu fico feliz quando tem neve, mas está ensolarado.

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Os registros acima são desse ano em casa mesmo pra gastar filme. Lolinha adora tomar sol nessa janela pela manhã e eu amei que a carinha dela está na sombra e o corpinho está no sol. Estava começando a primavera e os dias começaram a ficar mais longos e bonitos novamente. Me lembra aquela música da Legião Urbana, “Quando o sol bater na janela do seu quarto”.

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Fiz essa última foto na sexta-feira 13 de abril desse ano, véspera da Páscoa, quando participei de um passeio guiado pelo cemitério e contei tudo nesse post. Das vantagens de ter um blog pra lembrar onde você fez as fotos analógicas depois de quase 2 anos que você começou a usar um filme haha. A única estação que não registrei nesse filme foi o outono porque eu estava viajando pela Austrália e Nova Zelândia (quem sabe um dia faço posts). O interessante de demorar tanto para terminar um filme é que essas fotos refletem exatamente como a contagem de tempo acontece na minha vida agora, pelas estações do ano. Quando estive em Brasília, estava conversando com uma amiga e falei “ah, foi na primavera de 2016” e ela comentou algo como “ai, amiga, é tão chique você falando que foi na primavera tal” hahaha E pra mim foi tão natural que eu nem percebi que tinha dito isso.

Acho incrível a capacidade de adaptação do ser humano e fascinante isso das quatro estações bem definidas. Adoro observar como a luz e o nosso estado de espírito vão mudando de acordo com cada uma delas. Até as coisas que você come vão mudando de acordo com as estações. Me sinto mais conectada com a natureza e mais sensível à efemeridade das coisas depois que me mudei. A fotografia serve pra lembrar de aproveitar as coisas boas porque uma hora elas acabam. E o fato da última foto ter sido justamente no cemitério é extremamente simbólico pra mim, já que a morte é a única certeza que temos. Agora preciso começar outro filme pra ter registros do outono também. Alguém aí também gosta de fotografar com filme?

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  • BA MORETTI September 15, 2018 at 8:44 pm

    acho tão lindo ♥ ainda quero ter essa experiência com câmeras analógicas. acho tão lindo essa variedade de tons, o foco ou a falta dele, o ruido… tudo lindo mesmo! ♥

    • Alessandra Araújo September 25, 2018 at 4:30 pm

      Procura na família, às vezes alguém tem uma câmera guardada e você nem sabe. Coloca um filme e vive essa experiência. Cuidado, pode ser que você se apaixone. 😉😉

  • KARINE October 7, 2018 at 9:16 pm

    meu deus, alê, que post mais lindo <3
    amei todas as fotos e tudo que descreveu sobre fotografar com câmera analógica!
    tô aqui apaixonada pela foto da lolinha na janela (também sempre uso algumas poses de todos os filmes pra fotografar os gatos hahaha)
    e também achei super chique você lembrar de coisas conforme a estação! eu também amo analisá-las, especialmente depois que comecei a estudar um pouquinho mais sobre astrologia, que também tem tudo a ver com esses ciclos e estações do ano… aiai <3 amei o post!

    • Alessandra Araújo October 8, 2018 at 2:15 pm

      sabia que você ia compartilhar do meu sentimento. a carinha da Lola nessa foto está demais neh? muito feliz de ter eternizado esse jeitinho dela olhar pra mim. <3 a natureza é muito sábia e poder ver ela se transformando ao longo do ano é muito legal. :-***

  • LARY October 7, 2018 at 10:47 pm

    a fotografia é mágica! e o fato de ter um blog ajuda muito. amo o meu diariozinho virtual e fico contente de podermos guardar momentos em categorias e arquivos. s2

    • Alessandra Araújo October 8, 2018 at 2:20 pm

      também amo esse diário virtual e ter esse período da minha vida guardado aqui é muito especial. obrigada por comentar, Lary!

  • Road Trip Riviera Francesa – Um Novo Destino November 16, 2019 at 3:53 pm

    […] Gostei bastante das cores do Fuji Superia, mas tive que editar a saturação em algumas fotos porque achei um pouco demais, especialmente na pele. Imagino que se as fotos forem feitas com uma luz mais suave deve ficar melhor. Mas em viagem não dá pra fazer isso, as fotos acontecem no horário que estou passeando. Quanto à camera, amei fotografar com ela porque tem fotômetro e o foco é fácil de fazer. O problema é que agora só quero fotografar com ela, então haja dinheiro pra revelação (cerca de 16 euros cada filme). Saudade dos preços de Kiev… […]